
VINHA E REGIÃO
Situada na região centro de Portugal, na Beira Interior, equidistante 20 km entre Covilhã, Belmonte, Guarda, Manteigas, fica a aldeia de Valhelhas.
É nesta pequena vinha situada num escondido vale junto do Rio Zêzere de onde a partir de cepas centenárias se produz um tipo de vinho que em Portugal e na Europa se bebeu durante oito séculos, o vinho vermelho, clarete ou rosado.
Na carta militar pode facilmente identificar-se a Vinha de Ordem, o rio Zêzere, as diferentes cotas, estando a vinha a uma altitude de 600 metros. O elemento central deste legado, é o vinho, produzido nesta vinha com cepas com idade média superior a 80 anos
A preservação de uma vinha tão antiga, num contexto ambiental tão rico e diversificado como o do Parque Natural da Serra da Estrela, foi recentemente reconhecida pela UNESCO e o seu ESTRELA GEOPARK. Este é um desafio que só se consegue com muito trabalho e o conhecimento exaustivo do património existente, quer material quer imaterial, bem como com ajuda da família, amigos e profissionais das diversas especialidades.
A Vinha da Ordem é atravessada pela Ribeira de S. Miguel, afluente do Zêzere, (sendo que no Cristianismo medieval, São Miguel, juntamente com São Jorge, se tornaram Santos patronos da cavalaria medieval), um importante Santo ligado à defesa da Religião Católica e do Território.
Na ribeira existe um pequeno açude que suporta o lameiro e que permite alagar em tempos os terrenos fundeiros da propriedade. Era esta, uma técnica agrícola utilizada em tempos antigos e que permitia no inverno enriquecer de água o lençol freático e reestabelecer o nível de água do poço artesanal como hidratar os solos para os longos quentes Verões.

CASTAS ANTIGAS
Salvar as castas antigas! E colocar este património genético ao serviço da ciência e da conservação levada a cabo pelas entidades competentes na matéria.
Foi este o mote que deu início um exaustivo e meticuloso trabalho de pesquisa e identificação de castas levado a cabo e devidamente num programa de âmbito nacional, que no caso da Vinha de Ordem foi coordenado pela DIREÇÃO-REGIONAL DA AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO RURAL. Em termos gerais, concluiu-se que, antes de 1985 o encepamento na Beira Interior era composto por castas regionais, todas misturadas, desconhecendo-se na maior parte das vezes qual o nome das mesmas e suas caraterísticas.
Nas vinhas mais antigas, que foram as que tiveram primazia no presente trabalho, encontraram-se uma enorme diversidade de castas. A vinha da Ordem é um dos exemplos vivos destas vinhas muito antigas com grande diversidade de castas.
O trabalho que foi iniciado a 13 de junho de 2013 pelo Eng. Luís Vaz, por observação direta das folhas e caules das videiras foi posteriormente completado com nova observação, no dia 9 de Setembro de 2013 quando já forem evidentes os frutos (uvas).
Foi possível a identificação de cerca de 17 diferentes castas nacionais, e 3 estrangeiras.
Algumas das castas e respetivas cepas (perfazendo um total de 6 espécies), não foram ainda possíveis de identificar.
Estas castas foram replantadas em estação vitivinícola própria dedicada a este estudo nacional, de forma a preservar a variabilidade genética de espécies raras e únicas em Portugal que mais tarde poderão ter uma palavra a dizer na preservação da viticultura a nível mundial.
Desta caracterização foi possível identificar castas raras que agora se podem reproduzir na vinha, por processo de enxertia em bacelos certificados. Desta forma será garantida a diversidade genética da vinha e a especificidade do vinho da Ordem.
Castas como o Rufete, Jaen, Fonte Cal, Síria, Marufo, Bastardo, Folgosão rosado são exemplos de castas que estão fortemente presentes na vinha.
RECUPERAÇÃO E FUTURO DA VINHA
A recuperação da Vinha de Ordem tem sido um árduo trabalho, que começou no ano de 2012, após um encontro na Ordem dos Engenheiros "Conversa em torno do Vinho" organizado pelo Eng. Fernando Mouzinho e onde o Professor Virgílio Loureiro fez uma descrição do seu trabalho de recuperação e preservação do património vitícola e vinícola de vinhas muito antigas em Portugal.
Deste encontro e aliada à vontade da família Saraiva Jerónimo de preservar o património e dar a conhecê-lo, sobre tutela do Professor Virgílio Loureiro, surgiu a ideia de recuperar a Vinha nos seus moldes originais, uma vez que estávamos perante um fóssil vivo, preservando o legado que as gerações antigas nos deixaram, as ancestrais castas e reproduzindo o Vinho que durante séculos seria a matriz dos vinhos da antiga Europa, os vinhos rosados, claretes ou palhetos.
No futuro muitos desafios nos esperam, nomeadamente na vinha. A adaptação a uma constante subida das temperaturas máximas e médias e uma redução muito significativa dos índices de precipitação.
O futuro passa pela sustentabilidade. A preservação e respeito dos valores ambientais, sociais e cultuais com base numa abordagem do uso eficiente dos recursos, bem como na implementação de uma economia circular.
Um dos nossos pilares de atuação passa por uma optimização do processo e consequente mitigação e compensação das emissões de carbono associadas.
Estamos desta forma a avançar com o cálculo das emissões de CO2 associadas a cada processo e material, bem como a desenvolver e colocar em curso, um conjunto de medidas objectivas e mensuráveis que fazem prova deste continuado esforço de reduzir as emissões.
Assim sendo, esperemos conseguir, não só preservar o passado como contribuir para um futuro melhor.

Inserida na Vinha, existe uma casa rural, que serviu de abrigo noturno e típica desta zona. Na Beira Alta, ao contrário da Beira Baixa, estas casas eram construídas de preferência em lugares altos, pedregosos e de acesso difícil.
A maneira de emparelhar (colocação) a pedra é de alvenaria seca. O granito e o xisto sendo materiais correntes nesta região são também eles utilizados em pontos estruturante, pois esta pedra e a madeira de castanheiro são extraídos das vizinhanças.
Possivelmente o muro principal de xisto serviria como eixo murado onde circulava a criação de gado.
A casa é divida em dois pisos, o primeiro deveria servir para habitação e o inferior para animais - curral (guardar fertilizante e como emanavam calor e o ar quente tende a subir aquecia o piso superior - habitação), ou para guardar mantimentos, produtos e materiais agrícolas.
Nesta tipologia dos séculos XVIII-XX, é muito comum a madeira de castanheiro no pavimento, sendo sustentada pelas vigas de madeira, que faz a divisão entre os dois pisos. A casa data para finais século XVIII, início do século XIX.
A CASA DA VINHA

A Aldeia de Valhelhas situa-se no coração da Região da Beira Interior e do Parque Natural da Serra da Estrela e é o berço da Vinha da Ordem.
A meio caminho entre Guarda e Manteigas, Valhelhas situa-se no final do formidável Vale Glaciário do Zêzere, inserida na paisagem única de impressionante beleza do Parque Natural.
Existem várias formas de apreciar este santuário Natural, sendo a mais indicada aquela que permita passear com calma e respeito pela Natureza, pernoitando onde possa escutar os frescos sons da Serra. Sempre que possível, percorrendo os trilhos a pé ou de bicicleta, pois a Natureza agradece. Poderá ainda revitalizar energias na praia fluvial de Valhelhas nas águas do Rio Zêzere.
O Parque Natural da Serra, com toda a sua biodiversidade, proporcionará um passeio único, onde poderá encontrar locais de grande interesse natural.
Valhelhas fica igualmente perto de Belmonte, apenas a 10 km, onde se podem visitar interessantes museus e ter contacto com uma das mais importantes epopeias da nossa história: Os Descobrimentos. É de Belmonte, terra Natal de Pedro Álvares Cabral, que sai o navegador português que descobre o caminho marítimo para o Brasil. Mas muito mais há para conhecer em Belmonte, como sendo a Judiaria ou o Castelo.
Mais a Norte na Cidade da Guarda, a imponente Sé é de visita obrigatória, bem como o Centro Histórico e o Museu da Guarda, peça importante para os interessados em História.
E se o seu interesse é sobre o Vale Glaciário da Serra da Estrela terá de fazer uma paragem obrigatória em Manteigas no Centro de Interpretativo do Vale Glaciário do Zêzere, já com um pé na Serra, antes de seguir viagem até ao Covão da Ponte ou Covão da Ametade quase a chegar à Torre.
A par destas belezas naturais e históricas, terá de provar o Vinho Da Ordem uma das delícias gastronómicas da região.
Bem-haja a todos os que nos visitam!
A REGIÃO A VISITAR

UNESCO ESTRELA GEOPARK
Caminhando juntos e partilhando valores.
É com grande enorme honra para o Vinho da Ordem que passamos a integrar o Estrela Geopark e a rede de parceiros da UNESCO GEOPARK.
Resultado da vontade comum de preservar o património natural, geológico e cultura, surge esta parceria.
Atualmente reconhecida pela UNESCO Estrela Geopark, a Vinha da Ordem dá assim seguimento à tradição do processo de fabrico de vinhos vermelhos da Idade Média, utilizando uvas de cepas centenárias de castas muito antigas.
Venha conhecer a diversidade das nossas vinhas e provar os nossos vinhos, no magnífico ambiente do Parque Natural e Geológico da Serra da Estrela.