ENOLOGIA
A cargo do Professor Virgílio Loureiro e Professor Manuel Ferreira, a recuperação da antiga enologia e tradição da produção dos vinhos vermelhos medievais, foi o mote para esta missão.
De cepas centenárias se produzem estes vinhos naturais de intervenção minimalista

Recentemente reconhecida pela UNESCO Estrela Geopark, a Vinha da Ordem, transporta consigo o testemunho de séculos de tradição vitivinícola, bem como um património natural e geológico a preservar e que encontra inserido no Parque Natural da Serra da Estrela.
Desde a fundação de Portugal no século XII que os monges de várias ordens religiosas aqui produziram vinho, ao longo dos séculos, justificando o nome por que é conhecida a "Vinha da Ordem" que deu origem a um vinho peculiar.
Inspirado na tradição do processo de fabrico dos vinhos vermelhos da Idade Média e utilizando uvas de cepas centenárias de castas antigas, produziu-se um vinho clarete, fruto de um desejo familiar de preservar a história, de manter o património e de acarinhar e partilhar o conhecimento que os nossos antepassados nos legaram.
O Vinho da Ordem é feito com uma mistura de castas brancas e tintas previamente definida na altura de plantação da vinha, há muitas décadas atrás, segundo tradições seculares que foram passando de geração em geração. As uvas são vinificadas com curtimenta de modo que o vinho final fique clarete, que na Idade Média era conhecido por vinho vermelho e tinha um profundo significado religioso, dado ter a cor do "sangue de Cristo".
As castas utilizadas neste vinho de antanho, são as representativas do encepamento antigo da Beira Interior e incluem Rufete, Jaen, Bastardo, Marufo e Baga, entre as tintas, e Fonte Cal, Síria e Folgasão Rosado, entre as brancas e rosadas. Muitas outras são desconhecidas, aguardando evolução de um estudo para a sua eventual identificação.
A utilização de castas tão diversificadas brancas, tintas e rosadas, precoces e tardias, (temporãs e serôdias) deve-se ao facto de uma vinha com maior variedade de castas ficar mais protegida das intempéries e pragas, pois se num ano se salvam umas no seguinte salvar-se-ão outras.
Esta era uma forma simples e sábia que os antepassados usavam para prevenir perdas significativas de produção motivadas pela instabilidade climática. As vantagens traduzem-se em menos tratamentos e num vinho sempre diferente, em função das castas que melhor resistem às geadas, granizo e trovoadas, permitindo uma experiência distinta em cada colheita. - Virgílio Loureiro.
Recentemente iniciámos a vinificação do vinho laranja, um vinho branco de curtimenta com maceração pelicular. Um branco feito como se de um tinto se tratasse, obtendo-se assim um vinho de cor laranja, estrutura complexa e com evidentes taninos que permitem um excelente envelhecimento em garrafa.
Produzimos igualmente um vinho tinto com as castas típicas da região, entre elas, Jaen, Rufete, Marufo, Baga, Castelão da Beira.
Vinho de altitude, produzido da vinha com uma cota de 570 metros, em que a frescura e os frutos vermelhos são dominantes. Taninos e acidez marcada. Permitisse a um bom envelhecimento em garrafa. Típico da Beira.
Especial agradecimento ao Professor Virgílio Loureiro e Professor Manuel Ferreira que com o seu conhecimento, entusiasmo persistência, têm vindo a recuperar e a manter vivos os raros e autênticos vinhos dos nossos antepassados, como é exemplo o Vinho da Ordem.