Da vinha ao copo. Como é o percurso da uva até ao copo de vinho?
Parece fácil, mas não é. Envolvendo muito trabalho desde a vinha, ao lagar, à adega, ao distribuidor, ao restaurante, à garrafeira. Um imenso trabalho em rede que desenvolvemos juntamente com nossos parceiros ao longo de muitos anos, com gosto e muita paixão.
Fechar o ciclo de um produto é muito desafiante. Não basta fazer vinhos, saber faze-los com respeito do ambiente, responsabilidade social e num contexto internacional muito desafiante.
Importante também, é disponibilizar os vinhos, junto com os nossos parceiros, no cliente final, incluindo custos, desde a produção, à distribuição ao comércio ou restauração, para que assim consigamos todos continuar o trabalho.
Alguns dos custos desta atividade, como os investimentos podem amortizar-se ao longo dos anos, sendo este exercício, mais ou menos difícil, em função do ponto de partida (por exemplo, se já existiam vinhas, equipas, lagares, conhecimento técnico etc.), já outros custos, como os variáveis, que mudam rapidamente, em função dos preços das matérias primas, de trabalho, da energia, das rendas, temos mais dificuldade em acomodar e diluir no tempo, especialmente num contexto de inflação.
Quando o negócio está saudável, quem completa o ciclo económico é o cliente, que com a compra da garrafa ou copo de vinho inclui todos estes custos. É sem dúvida uma troca de produto por um valor, mas que no fundo se trata de um ato de generosidade que muito agradecemos aos nossos clientes.
A realidade este ano, é dura, e muitos agricultores arrancaram suas vinhas, nomeadamente em França. Também em Portugal muitos viticultores não conseguiram colocar as uvas nos habituais compradores.
Devemos estar atentos a estes acontecimentos, uma vez que tanto França como Portugal são importantes referências para o mundo dos vinhos.
Mas afinal o que se terá passado?
Uns apontam para o lado da oferta, afirmando que este ano foi uma safra generosa, com muita uva. Outros apontam para o lado da procura, dizendo que há menos consumo de vinhos. Ambos talvez estejam corretos, ou não, o tempo o dirá. Facto é que, se por um lado o preço das matérias primas galopou, por outro, houve talvez migração de clientes de vinhos para outras bebidas, nomeadamente cervejas ou bebidas não alcoólicas.
Sem dúvida a equação de custo/benefício sofreu uma mudança. Na generalidade os custos aumentaram, enquanto as receitas e margens diminuíram. Este contexto, é um desafio para todos nós, produtores, distribuidores, restaurantes, garrafeiras e até para clientes que viram na generalidade seus produtos mais caros.
Nós juntamente com nossos parceiros tentámos não aumentar preços ao longo destes 2 anos, fazendo gestão dos stocks e o uso mais eficiente possível dos recursos.
Finalmente surge a questão, será possível no futuro produzir uvas, fazer o vinho e coloca-lo no mercado? Qual a elasticidade do sector? O que afinal nos move? Certamente, não é apenas a questão económica e tendência de mercado que nos move, daqui estaríamos demasiadamente irrequietos para continuar a trabalhar. Mantem-nos activos, o gosto de produzir alimentos e partilha-los. Bem como manter a história e o conhecimento que nos foi legado, preservando o ambiente e até regenerando as áreas que os incêndios nos consumiram. Só assim se justifica continuar a trabalhar num mundo cada vez mais desafiante.
Trabalhar em rede e de forma criativa com nossos parceiros internacionais, nacionais e locais, dá-nos imenso prazer e satisfação. Venham mais outros 100 anos de vinhas e vinhos desta pequena Vinha de Ordem.
Desde o campo ao copo, continuamos dia a dia, juntamente com nossos parceiros, a dar o nosso melhor para manter viva a agricultura que durante milénios serve de suporte à existência da Humanidade.
Sem alimentos não há Vida e por vezes esquecemos-mos. É bom refletir pois alguns dos alimentos que hoje são dados como garantidos, podem deixar de o ser no futuro.
Obrigado a todos os que nos apoiam.
Pedro Jerónimo, 4 de outubro de 2023
EN
From the vine to the glass.
How is it possible to get from the grape to the glass?
It seems easy, but it's not, it takes a lot of work and involves a lot of effort between the vineyard, the cellar, distributor, restaurant.
Fortunately, we work with all our partners with a lot of passion.
Closing the product cycle is very challenging. To produce wines, with respect to the environment, social responsibility and actually in a very challenging international context.
Also, important, is to bring the products available to the customer, together with our partners, including all costs, from production, distribution, commerce or restaurants, so that we can all continue working.
Speaking of some of the investments and costs of this activity, and although some of these costs, such as investments, can be amortized over the years, this exercise depends on the starting point (for example, if there were already vineyards, cellars, working teams, knowledge, and expertise etc.), other costs, such as variable costs, change quickly, depending on the prices of raw materials, labour costs, energy, rents and which we have more difficulty to control, especially in a inflation context.
When the business is healthy, the person who completes the economic cycle is the end customer, with a purchase of the bottle or glass of wine, that includes all these costs. Is an exchange of product for a value, in an act of generosity from customers who choose our wines.
The reality is harsh and this year, many farmers uprooted their vineyards, particularly in France. Also in Portugal, many winegrowers were unable to get their grapes to the usual buyers. We must pay attention to these events, since both France and Portugal are also important references for the wine world market.
But what happened after all? Some point to supply side, saying that this year was a generous harvest with lots of grapes. Others point to demand side, saying that there is less wine consumption. Both may be correct, but time will tell us.
The fact is that, if on the one hand the price of raw materials soared, on the other hand, there may happened migration of wine customers to other drinks.
Without a doubt, the cost/benefit equation has changed. In general, costs were increased, while revenues and margins decreased. This context is a challenge for all of us, producers, distributors, restaurants, wine stores and even customers who have seen some of their products more expensive.
Together with our partners, we managed to do not increase prices over these last 2 years, managing the stocks we held and making the most efficient use of resources possible.
Finally, the question arises… is it really possible to continue producing grapes and doing wine and placing them on the market? For how long in this context where other bigger tensions in world are increasing?
What ultimately moves us? It is not certainly only the economic point and market trend, which bring us to a restless work environment. But for sure we are moved for the pleasure of producing food and sharing it. As well as keeping alive the history and knowledge, protecting environment and value traditions. This is the way to justify continuing to work in an increasingly challenging world.
Actively networking with our international, national and local partners gives us immense pleasure and satisfaction. Cheers to another 100 years of vines and wines from this small producer Vinho da Ordem.
Together with our partners, from the field to the glass, we continue, day after day, doing our best to keep agriculture alive, which for millennia has served support for the Humanity existence.
Without food there is no Life and sometimes we forget that fact.
It's good to stop and think because some of the foods that are taken today for granted may no longer be so.
Thank you all, partners and clients that daily supports us.
Pedro Jerónimo, October 4, 2023